quinta-feira, 9 de junho de 2011

Panacéia

     Meu avô Gabriel era diferente do avô João.Vindo do Campo do Meio, tornou~se dono da Padaria Excelsior, aquela que fica na esquina de Bahia com Contorno, onde meu tio Humberto me levava para escolher bombons, e tornou-se um bem sucedido comerciante de tecidos. Mudou-se com a familia para o Prado, de onde melhor me lembro dele, com seu carro Nash - nem sei como guardei essa marca, se é que ela existe ou existiu ,no qual íamos, os netos,  passear todos os domingos. Aos sábados ele nos levava Rogério,meu primo e eu ao Mercado Gentral. A vida era tão diferente , que enquanto ele fazia compras, nós, crianças ainda, brincávamos na esquina da Avenida Augusto de Lima com rua Santa Catarina e alí ficávamos sem que isso fosse motivo de preocupação para quem quer que fosse. Até que finalmente vinha o vovô, sacolas abarrotadas com as compras da semana e invariavelmente um ou dois frangos vivos, amarrados pelos pés, o que  não nos causava a menor comoção, seja pela situação na qual se encontravam seja pelo futuro que os aguardava: o almoço de domingo.
      Mas nada se comparava à delicioooosa rapadura batida  e o doce de leite em barra, sobremesas da familia, que só o vovô sabia comprar e que ficavam caprichosamente guardados na gaveta do móvel da copa, de onde eu roubava nacos enormes e me deliciava  sentada no cantinho da geladeira, enquanto vovó tirava seu cochilo da tarde. Doces tardes aquelas.

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